No final do século XIX, o mundo era muito diferente. Em fábricas imundas, homens e mulheres de todas as idades, incluindo crianças, eram obrigados a cumprir jornadas que podiam chegar a 17 horas de trabalho, em ambientes insalubres e condições degradantes.
Apesar da rotina excruciante, que lhes tomava a vida e qualquer outra esperança de um futuro mais promissor, poucos ousavam reclamar ou pedir por condições mais justas de trabalho. Enquanto um pequeno grupo se tornava cada vez mais rico, os trabalhadores morriam às centenas e eram simplesmente substituídos, como peças de uma máquina desenhada para moer estes profissionais e sua dignidade.
Em 1886, esse cenário começou a mudar. Em Chicago, nos Estados Unidos, um grupo ousou desafiar o sistema, que até então parecia soberano na missão de explorar seres humanos como se exploram as máquinas. Estes trabalhadores pediam algo que, na época, soava impossível: uma jornada de trabalho de 8 horas, com valorização e respeito.
Unido, o grupo conseguiu fazer com que suas ideias chegassem a companheiros de outras cidades e, aos poucos foi ganhando mais e mais apoio. Até que, no dia 1º de maio, milhares de pessoas iniciaram uma grande greve, movimento que ajudou a transformar as relações de trabalho e diminuir a exploração dos mais fracos por parte dos poderosos.
1º de maio é, portanto, dia para refletir: foi nesta data, há 135 anos, que os trabalhadores descobriram que, unidos, podem transformar o mundo. Naquele distante 1886, milhares de homens e mulheres deixaram de lado suas diferenças para lutar por dignidade, valorização e reconhecimento. Lutaram ainda para preservar suas vidas. E venceram.
A história do movimento trabalhista é marcada por muito sofrimento, perseguições e injustiças. Mas é também cheia de vitórias e conquistas. Neste período, quando o mundo se assombra com uma pandemia que traz tanto sofrimento, é preciso que os trabalhadores permaneçam unidos.
Juntos, estamos há anos vencendo a exploração, a desigualdade e a injustiça em todo o mundo. Juntos, vamos superar a tristeza e a desesperança que esta doença trouxe. Porque a união nos fortalece e nos torna maiores e, unidos, somos capazes de superar qualquer barreira.
1º de maio é dia de refletir. Mas também de celebrar. E manter viva a chama que, acesa em 1886, permanece iluminando o caminho de todos os trabalhadores do mundo até hoje.
A luta continua, porque, mesmo passados 135 anos, ainda é preciso lutar para manter a jornada de trabalho de 8 horas, as conquistas e os direitos trabalhistas, na busca de justiça social, valorização e respeito para trabalhadoras e trabalhadores que, em todos os dias, fazem o mundo girar, produzindo, transformando e garantindo nossas vidas!
Viva o 1º de maio!
Amauri Mortágua, presidente do Sincomerciários Tupã e da UGT-SP